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Entre o ódio e o amor: surge a "Balada da Margem Sul"
27 de Março de 2010, 07:04
Uma história sobre um amor proibido, um lugar comum, um Romeu e Julieta dos nossos tempos é o espectáculo de teatro musical em cena, "A Balada da Margem Sul", no Teatro Cinearte da Barraca, em Lisboa.
Envolto no racismo, conta a história de duas comunidades opostas, rivais, mas com princípios sectários e dogmáticos semelhantes, que se vêem confrontadas com o amor impossível entre um skin-head e uma negra.
“É uma mensagem que estamos a passar às pessoas. É bom que elas vejam que o racismo não terminou.”, salienta o actor Fabrizio Quissanga.
No palco da Balada existe uma nítida linha divisória. De um lado temos os negros, do outro, os skin-heads. Ambos os grupos vivem num ambiente de desemprego e descrença no futuro. A linha divisória é o território de confronto. Com o desenrolar da história percebemos que o ódio entre as comunidades vai para além do racismo e que é uma luta de classes.
“Antes não conhecia o lado do negócio do racismo…“ comenta o actor Carlos Paca explicando que tudo acaba por ser um jogo de interesses.
No caso da representação, Carlos Paca explica que o mercado português é pequeno, o que faz com que a oferta seja pouca. Contudo, o actor sente-se indignado quando dizem que não há papéis para negros e pergunta “o que é um papel para um actor negro?”
“Nós vivemos num país que ainda não está preparado para integrar toda gente. As histórias que existem são histórias deles.”, salienta Carlos.
O actor indica que existe muita procura de actores loiros de olhos azuis para as telenovelas, o que não corresponde à realidade portuguesa, pois a maioria dos portugueses têm cabelo preto, olhos escuros e pele morena.
Deste modo, a indústria das telenovelas acaba por ser um ciclo fechado, girando à volta daquele estereótipo de beleza. “Se tivesse um núcleo de negros nas novelas, elas tinham mais audiência, devido aos emigrantes” acrescenta Paca.
“Tem a ver com o mercado”, explica, “ mas agora está acontecer o inverso da moeda. Está a haver uma procura muito grande de actores angolanos. O que é que acontece aos outros actores que não são angolanos? Mesmo trabalhos para Angola exigem que sejam angolanos.”
Os actores encontram-se satisfeitos com a aceitação do público, tanto portugueses, como africanos têm reagido de forma positiva à peça. O desafio maior será agora colocado com o arranque da digressão por Portugal, visto que “Lisboa é multicultural, as pessoas são mais abertas, no interior, já não sabemos…”
@Ana Oliveira
SAPO AO
quinta-feira, 8 de abril de 2010
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