Promovido pelo IPJ de Setúbal e Évora e apoiado pelo ACIDC e Governo Civil de Setúbal, realizou-se um espectáculo de "A BALADA DA MARGEM SUL" no dia
11 DE MAIO - 16 H. no CENTRO CULTURAL DE ALCÁCER DO SAL .
Da autoria de Hélder Costa, e em cena desde 18 de Fevereiro na Companhia de Teatro a Barraca, “A Balada da Margem Sul” foi exibida no passado dia 11, no Auditório Municipal de Alcácer do Sal, para mais de 200 alunos da Escola Secundária de Alcácer do Sal.
A peça, com banda sonora de Jorge Palma, é uma possível versão contemporânea de um dos pontos altos da dramaturgia universal (Romeu e Julieta), que retrata o amor entre um skin-head e uma negra, os conflitos inter‐rácicos e desencontro entre o sonho, a esperança e o fatalismo trágico.
No primeiro dia de exibição da peça do Distrito, Cláudia Louzada, Adjunta do Governador Civil, dirigiu-se aos alunos de Alcácer do Sal, explicando que é preciso compreender a realidade para aceitá-la.
“Este ano, na União Europeia, estamos a festejar o Ano Europeu Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social e esse é um dos motivos pela qual esta peça é importante, para definirmos a nossa presença, o nosso contributo para a sociedade. É uma oportunidade de reflectirmos sobre este tema e sobre os nossos comportamentos”, afirmou.
Abordando os problemas da miséria, da guerra e do racismo, Hélder Costa incentivou os jovens a criarem o seu próprio mundo.
“É importante vocês criarem o vosso mundo, estudarem a sério, trabalharem a sério e serem cada vez melhores”, disse.
Notícia publicada em http://www.gov-civil-setubal.pt/noticia.php?cod=4BF18298EAE9E
terça-feira, 4 de maio de 2010
O que dizem de nós - 5
Le Monde Diplomatique
A balada da Margem Sul
por Maria João Sequeira
Discutir e pensar o racismo na actualidade é o que nos propõe Hélder Costa com a sua mais recente produção, A Balada da Margem Sul. Um espectáculo com música de Jorge Palma, que está em cena no Teatro Cinearte – A Barraca até meados de Maio.
Em A Balada da Margem Sul, Hélder Costa inspira-se no quotidiano dos bairros pobres e marginais da Margem Sul do Tejo e encena um espectáculo que faz lembrar West Side Story. Logo ao início descobrimos dois quadros de cena distintos, assim diferenciados pelo lugar que ocupam as personagens no palco, pelo jogo de luzes e pela banda sonora. De um lado, um grupo de skinheads, que, ao comando de um líder anónimo, declara a caça ao negro. Do outro lado, a comunidade negra, que se revolta quando os skins matam um dos seus após uma festa. A partir deste incidente, jovens negros declaram guerra aberta contra os brancos.
Conceitos como o outro, o racismo, a violência, a pobreza e a marginalidade constituem o ponto de partida para reflectir sobre as consequências de uma sociedade desigual, que discrimina as minorias e provoca o ódio entre pessoas cuja única diferença está na cor da pele.
O meio do palco é a linha divisória e o lugar do confronto e das lutas entre os grupos rivais. É também a praça pública o espaço privilegiado para as cenas e danças colectivas nas quais as diferentes personagens da sociedade contemporânea e multicultural coabitam. Ao canto esquerdo surge-nos o cabeleireiro onde trabalha a protagonista Leonor, local onde se dá um encontro inesperado com o amor, com a igualdade e a beleza.
No centro do enredo surge o romance proibido entre o skinhead Pedro (Sérgio Moras) e a negra Leonor (Ciomara Morais), tão bem ilustrado pela canção que ambos interpretam e cujo refrão aqui transcrevemos:
«Venham raios e trovões.
Tempestades, furacões
Que eu não desisto
Porque eu não resisto ao amor
Contigo a meu lado
A vida é um parto sem dor»
Como Romeu e Julieta, de Shakespeare, este casal de jovens vive um amor inaceitável por parte dos seus grupos de pertença. Decidem partir, mas antes de o fazerem tentam a reconciliação entre os dois bandos rivais. São assassinados.
Também como em Romeu e Julieta é a morte dos dois jovens amantes que une as famílias enlutadas num apelo conjunto à paz, à tolerância e ao respeito pela diferença e pelo outro. A mensagem final, ou a moral da história, é transmitida pelos versos de Jorge Palma no final do espectáculo: «Imperdoável é não perdoar».
A balada da Margem Sul
por Maria João Sequeira
Discutir e pensar o racismo na actualidade é o que nos propõe Hélder Costa com a sua mais recente produção, A Balada da Margem Sul. Um espectáculo com música de Jorge Palma, que está em cena no Teatro Cinearte – A Barraca até meados de Maio.
Em A Balada da Margem Sul, Hélder Costa inspira-se no quotidiano dos bairros pobres e marginais da Margem Sul do Tejo e encena um espectáculo que faz lembrar West Side Story. Logo ao início descobrimos dois quadros de cena distintos, assim diferenciados pelo lugar que ocupam as personagens no palco, pelo jogo de luzes e pela banda sonora. De um lado, um grupo de skinheads, que, ao comando de um líder anónimo, declara a caça ao negro. Do outro lado, a comunidade negra, que se revolta quando os skins matam um dos seus após uma festa. A partir deste incidente, jovens negros declaram guerra aberta contra os brancos.
Conceitos como o outro, o racismo, a violência, a pobreza e a marginalidade constituem o ponto de partida para reflectir sobre as consequências de uma sociedade desigual, que discrimina as minorias e provoca o ódio entre pessoas cuja única diferença está na cor da pele.
O meio do palco é a linha divisória e o lugar do confronto e das lutas entre os grupos rivais. É também a praça pública o espaço privilegiado para as cenas e danças colectivas nas quais as diferentes personagens da sociedade contemporânea e multicultural coabitam. Ao canto esquerdo surge-nos o cabeleireiro onde trabalha a protagonista Leonor, local onde se dá um encontro inesperado com o amor, com a igualdade e a beleza.
No centro do enredo surge o romance proibido entre o skinhead Pedro (Sérgio Moras) e a negra Leonor (Ciomara Morais), tão bem ilustrado pela canção que ambos interpretam e cujo refrão aqui transcrevemos:
«Venham raios e trovões.
Tempestades, furacões
Que eu não desisto
Porque eu não resisto ao amor
Contigo a meu lado
A vida é um parto sem dor»
Como Romeu e Julieta, de Shakespeare, este casal de jovens vive um amor inaceitável por parte dos seus grupos de pertença. Decidem partir, mas antes de o fazerem tentam a reconciliação entre os dois bandos rivais. São assassinados.
Também como em Romeu e Julieta é a morte dos dois jovens amantes que une as famílias enlutadas num apelo conjunto à paz, à tolerância e ao respeito pela diferença e pelo outro. A mensagem final, ou a moral da história, é transmitida pelos versos de Jorge Palma no final do espectáculo: «Imperdoável é não perdoar».
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