quinta-feira, 18 de março de 2010

A Balada da Margem Sul nas Comemorações do 36º Aniversário do 25 Abril

No âmbito das Comemorações do 36º aniversário do 25 de Abril e no ano em que se comemora o centenário da República a Associação 25 de Abril a convite da RTP, vai produzir no próximo dia 15 de Abril de 2010, no Coliseu de Lisboa, às 21h.30m. uma Gala que pretende homenagear a Mulher Portuguesa através de mulheres ligadas às mais diversas actividades, sociais, politicas, artisticas e culturais.
A BARRACA foi convidada para apresentar, nesta Gala, excertos do seu último trabalho A BALADA DA MARGEM SUL.
O espectáculo que será apresentado por Júlio Isidro e Silvia Alberto, é transmitido na RTP na noite de 25 de Abril.

domingo, 14 de março de 2010

Video de Promoção | Autor: Fernando Cardoso (Nani)

O que dizem de nós - 2

PÚBLICO: Edição Impressa
13 de Março de 2010


Romeu e Julieta da Margem Sul

O racismo, ponto de partida para uma peça mordaz sobre a luta de classes, é o tema do musical em cena na Barraca, com canções de Jorge Palma.
A Balada da Margem Sul

De Hélder Costa, Jorge Palma. Encenação de Helder Costa. Com Sérgio Moras, Ciomara Morais, Adérito Lopes,entre outros .

A descrença nos valores universais transformou os homens numa amálgama inconstante, sem objectivos, com uma ideia pouco definida do futuro. Um sentimento de rancor e vingança une as pessoas. A aniquilação do "outro", o inimigo, é a única solução para uma vida sem problemas. O racismo, a mais evidente forma de olhar o outro, serve apenas para disfarçar a luta de classes.
É este o ponto de partida de "A Balada da Margem Sul". Hélder Costa, encenador e autor do texto em cena no Teatro Cinearte, da Barraca, escreveu uma história sobre problemas reais. "Tinha esta ideia há muitos anos, é preciso falar do racismo e dos conflitos modernos".
"A Balada" passa-se num bairro da margem sul do Tejo, onde as tensões são constantes. O desemprego é a principal causa dos conflitos.As comunidades rivais têm o único intuito de se eliminarem umas às outras. Os grupos mais activos são os skinheads e os negros marginais. Os princípios são diferentes, mas o ódio às outras comunidades é igual. Estas duas minorias "estão juntas no inimigo", diz o encenador. "A Balada" quer ser um retrato do mundo de hoje: "Os Talibãs e o Bush são iguais: ambos querem matar o outro, e por isso é que Obama está com tantos problemas. Isso torna a peça actual".
Na peça, os princípios de cada minoria são abalados com o romance que nasce entre Pedro, um skinhead (Sérgio Moras), e Leonor, uma negra (Ciomara Morais). Esta pode ser uma versão moderna do clássico de Shakespeare "Romeu e Julieta", e dos grandes temas da humanidade que o teatro sempre soube sintetizar: amores contrariados, conflitos entre raças, sonhos, fatalismos.
"A Balada da Margem Sul" destina-se por isso aos mais novos. "Os jovens são a faixa etária mais vulnerável, mais susceptível de se deixar corromper por ódios e divergências", aponta o encenador. Por isso também o elenco é constituído por jovens actores. "Já não tenho a ambição de salvar o mundo", confessa Hélder Costa, mas "é um enorme prazer quando os jovens que vêm ver a peça debatem estes temas. Falam da sua vida, até dizem que querem criar grupos de teatro nos seus bairros". É essa a função da peça: "Deixar as pessoas alerta".
O cenário é minimal, mas um intrincado jogo de luzes e som identifica o ambiente onde a peça tem lugar. "Gosto do espaço vazio. O actor é a chave do teatro, ele é que passa a mensagem, por isso acaba por se perder no meio dos cenários quando eles são muito complicados", justifica Hélder Costa. A música, por sua vez, é parte fundamental do espectáculo é a música. As canções, da autoria de Jorge Palma, são cantadas pelos actores e as letras transmitem a moral da peça. "Já há muito tempo que o Palma queria trabalhar com A Barraca. E esta era uma peça mesmo boa para ele. Pedi-lhe para escrever sobre isto, isto e isto. E ele fez este trabalho maravilhoso. Está tudo muito claro nas canções".

Para Hélder Costa, "a Europa está numa situação desgraçada, e o respeito por si próprio é fundamental". Por isso é que "A Balada da Margem Sul" faz "sentido agora: porque o teatro é a grande arma. É indiscutível, não há outra".

Clara Campanilha

sábado, 13 de março de 2010

A Balada da Margem Sul na Televisão Pública de Angola

O que dizem de nós

A BALADA DA MARGEM SUL

Helder Costa considera a peça como uma versão moderna da dramaturgia universal, referindo Romeu e Julieta. Eu prefiro considerá-la uma adaptação do musical West Side Story a uma história do outro lado do Tejo, em que os porto-riquenhos são jovens negros em luta contra skin-heads e a música de Leonard Bernstein é substituída pela de Jorge Palma. Com influências ainda do rap e de Michael Jackson.

Pedro (Sérgio Moras), um dos skin-heads, apaixona-se por Leonor (Ciomara Morais), negra e cabeleireira. Mas, antes, participara na morte do irmão dela. Isabel (Patrícia Adão Mendes), modista, é irmã dele e amiga dela. O grupo dos skin-heads acaba por gerar um grupo de radicais negros, que apelam igualmente à destruição. Isto num ambiente de desemprego e evidente muito tempo livre nos jovens da margem sul do rio.

O palco contém uma nítida linha divisória. de um lado, o quarto caserna do skin-head, num plano mais alto e distante, e a sala de cabelereira e casa de Leonor, mais perto da boca de cena. Do outro lado, o local da festa, do baile e do espaço de jogo de cartas dos negros mais velhos. A linha divisória é território de confronto e local por onde passam os mortos das lutas entre os dois grupos raciais. O palco enche-se todo quando há cenas de escola e de espaço público. Muito bonita a encenação deste espaço público, como se fosse uma praça, onde a população passa, do jovem executivo à mulher-estátua, ao jardineiro, à rapariga que busca namorado e ao que rouba as esmolas ao cantor de rua, com um grande colorido e animação. Também gostei do quadro dos negros velhos a jogarem às cartas. Igualmente bem construídos os quadros de endoutrinação dos skin-heads, manifesto mais político da peça de Helder Costa.

A sala do teatro Barraca é pequena, o que permite aos espectadores estarem quase face a face com os actores, percepcionando melhor os seus gestos, as suas emoções. Destaco o papel das personagens de Pedro e Leonor por actores já conhecidos: Sérgio Moras já participa há anos nas peças da Barraca, Ciomara Morais começou a sua carreira nos Morangos com Açúcar.

ver aqui http://industrias-culturais.blogspot.com/2010/03/balada-da-margem-sul.html

sábado, 6 de março de 2010